A pesquisa buscou compreender as percepções de adolescentes negras sobre o racismo no ambiente escolar. O campo escolhido foi uma escola municipal, de tempo integral, localizada no bairro Curió, na cidade de Fortaleza – Ceará, que atende alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. As adolescentes participantes da pesquisa pertenciam à faixa etária de 12 a 15 anos de idade. A coleta de dados ocorreu seguindo duas configurações: atividades em grupo com as adolescentes e escuta individual. A construção textual foi feita com o entrelaçamento de falas e recortes de relatos pessoais das adolescentes, tanto nos encontros em grupo, quanto nos momentos de escuta individual, com teóricas decoloniais, como Lélia González, Grada Kilomba e Neuza Santos Souza, além do suporte da teoria psicanalítica através dos conceitos de Ideal de eu desenvolvidos por Sigmund Freud. A interseccionalidade compõe a fundamentação teórica e atua como ferramenta metodológica quanto à escolha das participantes ao levar em consideração os recortes sociais como raça, gênero e classe social. Foi utilizado um diário de experiência para registro dos dados resultantes. É importante ressaltar que nomes fictícios foram escolhidos para preservar seus nomes reais. Constatou-se que no ambiente escolar ocorrem episódios de discriminação racial, que não são nomeados como racismo por serem tratados como bullying. O racismo entre adolescentes na escola se expressa por meio de brincadeiras e piadas, especialmente em relação ao cabelo, que além da cor da pele, representam a identidade negra. A pesquisa apontou a urgência de discussões sobre a discriminação racial na escola, além da participação ativa dos gestores da instituição no combate ao racismo.

Palavras-chave: adolescência; escola; racismo; psicanálise Ver menos

The research aimed to understand the perceptions of Black adolescents about racism in the school environment. The chosen field was a full-time municipal school located in the Curió neighborhood in the city of Fortaleza, Ceará, serving students from the 6th to the 9th grade of elementary school. The adolescent participants in the research were aged between 12 and 15. Data collection took place through two configurations: group activities with the adolescents and individual listening sessions. The textual construction was achieved by intertwining excerpts of personal accounts and statements from the adolescents, gathered both in group meetings and individual listening sessions, with decolonial theorists such as Lélia González, Grada Kilomba, and Neuza Santos Souza, alongside support from psychoanalytic theory through Sigmund Freud’s concept of the ego ideal. Intersectionality forms the theoretical basis and serves as a methodological tool for participant selection, considering social categories such as race, gender, and social class. An experience diary was used to record the resulting data. It is important to note that fictitious names were chosen to preserve the participants' real names. It was found that racial discrimination occurs in the school environment, though it is not explicitly labeled as racism, often being categorized as bullying. Racism among adolescents in the school manifests through jokes and teasing, especially related to hair, which, along with skin color, represents Black identity. The research highlighted the urgent need for discussions on racial discrimination in schools and the active participation of school administrators in combating racism.

Keywords: adolescence; school; racism; psychoanalysis. Ver menos