Resiliência em famílias de crianças com autismo: análise de fatores de risco, fatores de proteção e avaliação de uma intervenção [Digital]
Tese
Português
159.9:616.89-008.484-053.2
Fortaleza, 2024.
204f.
A Tese investigou processos de resiliência em famílias de crianças com autismo, através do levantamento de fatores de risco e fatores de proteção, assim como da implementação e avaliação de uma intervenção com foco na resiliência familiar. Foram realizados dois estudos. O primeiro analisou a relação...
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A Tese investigou processos de resiliência em famílias de crianças com autismo, através do levantamento de fatores de risco e fatores de proteção, assim como da implementação e avaliação de uma intervenção com foco na resiliência familiar. Foram realizados dois estudos. O primeiro analisou a relação dos fatores de risco, fatores de proteção e resiliência familiar com a saúde mental de famílias de crianças com autismo. Participaram 88 pessoas (94,3% mulheres; M = 36,94 anos; DP = 7,44) que responderam a um formulário online com os instrumentos: Escala de Estresse Percebido, Escala Multidimensional de Suporte Social Percebido, Escala de Resiliência Familiar e Inventário de Saúde Mental. Estatísticas descritivas e inferenciais foram calculadas no SPSS (versão 26). Dentre os principais resultados citam-se: 1) índices elevados de estresse percebido, suporte social, saúde mental e resiliência familiar entre os participantes; 2) a resiliência familiar correlacionou-se negativamente ao estresse percebido e positivamente com todas as dimensões do suporte social (família, amigos e outros significativos), além da saúde mental; 3) diferenças quanto ao gênero, estado civil e renda emergiram quanto ao estresse percebido e à resiliência familiar. Mulheres e solteiros apresentaram maior nível de estresse percebido; e solteiros e pessoas de baixa renda apresentaram menores níveis de resiliência familiar; 4) estresse percebido, suporte social (amigos) e resiliência familiar apresentaram influência estatisticamente significativa sobre a saúde mental, explicando 53% da variância. O segundo estudo desenvolveu e avaliou uma intervenção, que tinha como objetivo promover resiliência em famílias de crianças autistas. Trata-se de uma intervenção grupal, estruturada com base nos processos-chave da resiliência familiar, a qual foi realizada de forma online, com duração de cinco encontros e 10h no total. Os 10 participantes (90% mães; 20-53 anos) responderam aos instrumentos - Escala Multidimensional de Suporte Social Percebido, Escala de Resiliência Familiar, Inventário de Saúde Mental, Escala de Reação à Intervenção e de Reação ao Desempenho do Instrutor – de forma online. Análises comparativas do pré e pósteste foram calculadas no SPSS e mostraram que os respondentes demonstraram maior satisfação com suporte dos amigos e maior saúde mental no pós-teste. Embora a resiliência familiar tenha apresentado valores superiores no pós-teste, esta diferença foi apenas marginalmente significativa. Os participantes tiveram opiniões favoráveis sobre a intervenção e quanto ao desempenho da instrutora. A possibilidade de ter mais contato com outras famílias, em situações semelhantes às suas, foi o aspecto positivo mais destacado, ao passo que foi sugerida a ampliação do número de encontros da intervenção. A análise de conteúdo das falas das mães/pais, permitiram identificar aspectos do sistema de crenças, dos processos organizacionais e comunicacionais que foram fortalecidos com a intervenção. Embora o preconceito da sociedade e a sobrecarga materna sejam aspectos adversos vividos pelas famílias, verifica-se que estas tendem a lançar mão de aspectos como espiritualidade, otimismo/positividade quanto ao futuro dos filhos, acesso à rede de apoio familiar (nuclear e extensa) e de amigos, assim como processos de organização (coesão familiar e flexibilidade) e comunicação familiar que têm favorecido seus processos de resiliência familiar. Em conjunto, os estudos da tese corroboram as adversidades vivenciadas pelas famílias de crianças com autismo, ao mesmo tempo que lançam luz ao seu potencial de resiliência familiar. As evidências positivas acerca da intervenção aqui proposta, por sua vez, sinalizam para a possibilidade da sua replicação futura, de forma que mais famílias possam ser acolhidas e fortalecidas.
Palavras-chave: autismo, resiliência familiar, família, saúde mental, intervenção. Ver menos
Palavras-chave: autismo, resiliência familiar, família, saúde mental, intervenção. Ver menos
The Thesis investigated resilience processes in families of children with autism, through the survey of risk factors and protective factors, as well as the implementation and evaluation of an intervention focused on family resilience. Two studies were conducted. The first analyzed the relationship...
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The Thesis investigated resilience processes in families of children with autism, through the survey of risk factors and protective factors, as well as the implementation and evaluation of an intervention focused on family resilience. Two studies were conducted. The first analyzed the relationship of risk factors, protective factors and family resilience with the mental health of families of children with autism. 88 people participated (94.3% women; M = 36.94 years; SD = 7.44) who answered an online form with the instruments: Perceived Stress Scale, Multidimensional Perceived Social Support Scale, Family Resilience Scale and Mental Health Inventory. Descriptive and inferential statistics were calculated in SPSS (version 26). The main results include: 1) high levels of perceived stress, social support, mental health and family resilience among participants; 2) family resilience correlated with negative to perceived stress and positively with all dimensions of social support (family, friends and other significant), in addition to mental health; 3) differences in gender, marital status and income emerged as perceived stress and family resilience. Women and singles had a higher level of perceived stress; singles and low-income people had lower levels of family resilience; 4) perceived stress, social support (friends) and family resilience showed a statistically significant influence on mental health, explaining 53% of the variance. The second study developed and evaluated an intervention, which aimed to promote resilience in families of autistic children. It is a group intervention, structured based on the key processes of family resilience, which was conducted online, lasting five meetings and 10 hours in total. The 10 participants (90% mothers; 20-53 years) responded to the instruments - Multidimensional Scale of Perceived Social Support, Family Resilience Scale, Mental Health Inventory, Intervention Reaction Scale and Instructor Performance Reaction Scale - online. Comparative analyses of the pre and post-test were calculated in the SPSS and showed that respondents showed greater satisfaction with support from friends and greater mental health in the post-test. Although family resilience presented higher values in the post-test, this difference was only marginally significant. The participants had favorable opinions about the intervention and about the instructor’s performance. The possibility of having more contact with other families, in situations similar to theirs, was the most prominent positive aspect, while it was suggested the expansion of the number of meetings of the intervention. The content analysis of mothers/fathers' speeches allowed us to identify aspects of the belief system, organizational and communication processes that were strengthened with the intervention. Although the prejudice of society and maternal burden are adverse aspects experienced by families, it appears that they tend to use aspects such as spirituality, optimism/ positivity regarding the future of children, access to the family support network (nuclear and extensive) and friends, as well as organizational processes (family cohesion and flexibility) and family communication that have favored their family resilience processes. Together, the Thesis studies corroborate the adversities experienced by families of children with autism, while shedding light on their potential for family resilience. The positive evidence about the intervention proposed here, in turn, signals the possibility of its future replication, so that more families can be welcomed and strengthened.
Keywords: family resilience, family, mental health, intervention. Ver menos
Keywords: family resilience, family, mental health, intervention. Ver menos
Morais, Normanda Araújo de
Orientador
Silva, Nara Liana Pereira
Banca examinadora
Lima, Rebeca Fernandes Ferreira
Banca examinadora
Silva, Simone Souza da Costa
Banca examinadora
Universidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Tese (doutorado)