A recente pandemia causada pela COVID-19 se tornou a doença respiratória de maior relevância no mundo. Desde o início de 2022 tem sido observada uma redução significativa da sua frequência e morbimortalidade, com concomitante retorno da circulação de outros vírus respiratórios. O diagnóstico precoce...

A recente pandemia causada pela COVID-19 se tornou a doença respiratória de maior relevância no mundo. Desde o início de 2022 tem sido observada uma redução significativa da sua frequência e morbimortalidade, com concomitante retorno da circulação de outros vírus respiratórios. O diagnóstico precoce se mostrou fundamental para a adoção oportuna de medidas preventivas e assistenciais, incluindo terapia específica. Porém, a importante superposição clínica entre as doenças que se manifestam como síndrome gripal representa grande desafio para o diagnóstico clínico acurado na atenção primária de saúde. O objetivo do estudo foi determinar a performance dos diferentes critérios de definição de caso de síndrome gripal na identificação de casos confirmados de COVID-19 e influenza em indivíduos atendidos na Atenção Primária em Saúde, por um, estudo transversal, realizado em Fortaleza, entre mar/2021 e nov/2022, envolvendo indivíduos com idade mínima de 18 anos, com suspeita clínica de COVID-19 e até 7 dias de sintomas. Foi realizada entrevista e coleta de amostras respiratórias para RT-qPCR (SARS-CoV-2, Influenza A e B e vírus sincicial respiratório). O diagnóstico clínico foi estimado a partir da frequência de manifestações clínicas, usando os critérios de definição da Organização Mundial de Saúde para COVID-19 (C19-OMS) e influenza (Flu-OMS); do Ministério da Saúde do Brasil para COVID-19 (C19-Br) e influenza (Flu-Br), além do critério para SG da Escola de Saúde Pública do Ceará (SG-ESP/CE). Foram avaliados 153 casos, com idade mediana 43 anos (IQR, 33 - 57) anos, com predomínio feminino (61%). Os sintomas/sinais mais frequentes foram: tosse (74,5%), cefaleia (72,5%), coriza (72,5%), dor de garganta (71,9%) e febre (71,2%). Houve definição do diagnóstico em 60 (39,2%) casos, sendo confirmada COVID-19 em 45 (29,4%), vírus sincicial respiratório em 9 (5,9%) e influenza A em 6 (3,3%). Síndrome gripal específica (SGE) foi caracterizada pela identificação de COVID-19 ou influenza. Quando avaliada a performance global no diagnóstico de COVID-19 observamos os seguintes resultados: FLUOMS (DOR 1,05; IC 95% 0,45-2,44), FLU-Br (DOR 2,12; IC 95% 1,00-4,48), C19-OMS (DOR 0,26; IC 95% 0,04-1,63), C19-Br (DOR 0,39; IC 95% 0,09-1,65) e SG-ESP/CE (DOR 1,91; IC 95% 0,60-6,04). A performance observada no diagnóstico de influenza foi a seguinte: FLUOMS (DOR 8,52; IC 95% 1,45-50,02), FLU-Br (DOR 4,80; IC 95% 0,54-42,60), C19-OMS (DOR 0,33; IC 95% 0,01-7,61), C19-Br (DOR 0,60; IC 95% 0,02-12,52) e SG-ESP/CE (DOR 2,72; IC 95% 0,14-50,63). A seguinte performance foi observada no diagnóstico de SGE: FLU-OMS (DOR 1,18; IC 95% 0,54-2,59), FLU-Br (DOR 1,93; IC 95% 0,98-3,82), C19-OMS (DOR 0,41; IC 95% 0,06-2,57), C19-Br (DOR 0,62; IC 95% 0,15-2,61) e SG-ESP/CE (DOR 1,34; IC 95% 0,50-3,54). Os critérios de diagnóstico de influenza, especialmente o critério da OMS, apresentaram elevada performance no diagnóstico específico (influenza, COVID-19, VSR) e intermediária no diagnóstico sindrômico. Os critérios voltados ao diagnóstico de COVID-19 (OMS e Brasil) apresentaram performance bastante limitada, tanto no diagnóstico específico (COVID-19), quanto no diagnóstico sindrômico. O critério de diagnóstico sindrômico da ESP/CE demonstrou performance intermediária, tanto nos diagnósticos específicos, quanto no sindrômico. Nosso estudo demonstrou a limitação dos critérios de definição de caso no diagnóstico clínico da síndrome gripal. O novo contexto epidemiológico deverá exigir a revisão e integração dos diferentes critérios de definição de caso, possivelmente desenvolvidos para o diagnóstico sindrômico. A disponibilidade de testes diagnósticos rápidos deverá ser cada vez mais importante para o controle das doenças respiratórias agudas no futuro próximo.

Palavras-chave: COVID-19; influenza; Síndrome gripal.

The recent COVID-19 pandemic has become the most relevant respiratory disease worldwide. Since early 2022, a significant reduction in its frequency and morbidity/mortality has been observed, with a simultaneous return of other respiratory viruses. Early diagnosis has proven crucial for timely...

The recent COVID-19 pandemic has become the most relevant respiratory disease worldwide. Since early 2022, a significant reduction in its frequency and morbidity/mortality has been observed, with a simultaneous return of other respiratory viruses. Early diagnosis has proven crucial for timely adoption of preventive and healthcare measures, including specific therapy. However, the substantial clinical overlap among diseases presenting as influenza-like syndrome poses a significant challenge for accurate clinical diagnosis in primary health care. The study aimed to determine the performance of different influenza-like syndrome case definition criteria in identifying confirmed cases of COVID-19 and influenza in individuals attending Primary Health Care. A cross-sectional study conducted in Fortaleza from Mar/2021 to Nov/2022 involved individuals aged above 18y and with clinical suspicion of COVID-19 within 7 days of symptoms onset. Interviews and respiratory sample collection for RT-qPCR (SARS-CoV-2, Influenza A and B, and respiratory syncytial virus) were conducted. Clinical diagnosis was estimated based on the frequency of clinical manifestations, using case definition criteria from the World Health Organization for COVID-19 (C19-WHO) and influenza (Flu-WHO); the Brazilian Ministry of Health for COVID-19 (C19-BR) and influenza (Flu-BR), as well as the criteria for influenza-like syndrome from the Ceará School of Public Health (ILSESP/CE). A total of 153 cases were evaluated, with a median age of 43 anos (IQR, 33 - 57) years, predominantly female (61%). The most frequent symptoms/signs were cough (74.5%), headache (72.5%), runny nose (72.5%), sore throat (71.9%), and fever (71.2%). Diagnosis was defined in 60 (39.2%) cases, confirming COVID-19 in 45 (29.4%), respiratory syncytial virus in 9 (5.9%), and influenza A in 6 (3.3%). Specific influenza-like syndrome (S-ILS) was characterized by the identification of COVID-19 or influenza. When assessing the overall performance in diagnosing COVID-19, the following results were observed: Flu-WHO (DOR 1.05; 95% CI 0.45-2.44), Flu-BR (DOR 2.12; 95% CI 1.00-4.48), C19-WHO (DOR 0.26; 95% CI 0.04-1.63), C19-BR (DOR 0.39; 95% CI 0.09-1.65), and ILS-ESP/CE (DOR 1.91; 95% CI 0.60-6.04). The observed performance in influenza diagnosis was as follows: Flu-WHO (DOR 8.52; 95% CI 1.45-50.02), Flu-BR (DOR 4.80; 95% CI 0.54-42.60), C19-WHO (DOR 0.33; 95% CI 0.01-7.61), C19-BR (DOR 0.60; 95% CI 0.02-12.52), and ILS-ESP/CE (DOR 2.72; 95% CI 0.14-50.63). The following performance was observed in S-ILS diagnosis: Flu-WHO (DOR 1.18; 95% CI 0.54-2.59), Flu-BR (DOR 1.93; 95% CI 0.98-3.82), C19-WHO (DOR 0.41; 95% CI 0.06-2.57), C19-BR (DOR 0.62; 95% CI 0.15-2.61), and ILS-ESP/CE (DOR 1.34; 95% CI 0.50-3.54). Influenza diagnosis criteria, especially the WHO criterion, demonstrated high performance in specific diagnosis (influenza, COVID-19, RSV) and intermediate performance in syndromic diagnosis. COVID-19 diagnosis criteria (WHO and Brazil) showed considerably limited performance, both in specific diagnosis (COVID-19), and syndromic diagnosis. The syndromic diagnosis criterion from ESP/CE demonstrated intermediate performance in both specific and syndromic diagnoses. Our study highlighted the limitations of case definition criteria in the clinical diagnosis of influenza-like syndrome. The new epidemiological context may require the review and integration of different case definition criteria, possibly developed for syndromic diagnosis. The availability of rapid diagnostic tests is expected to become increasingly important for the control of acute respiratory diseases soon.

Keywords: COVID-19; influenza; Influenza-like Syndrome.