A pandemia do Covid-19 afetou as experiências das mães do mundo todo, exacerbando as desigualdades de gênero já existentes, além de representar retrocessos relativos ao emprego e renda, índices de violência, assistência à saúde sexual e reprodutiva, saúde mental e uma verdadeira crise do cuidado expondo mulheres a jornadas de trabalho intermináveis. O objetivo desse estudo é compreender as experiências de ser mãe em tempos de pandemia de Covid-19 e analisar por uma abordagem fenomenológica crítica os sentidos dos relatos das próprias mulhres acerca da suas experiências vividas a partir de lente teórica feminista. Para isso, foram feitas entrevistas com pergunta geradora sobre como foi ser mãe em tempos de pandemia, com oito mulheres que conviveram com seus filhos de até sete anos de idade na cidade de Fortaleza, Ceará no contexto pandêmico. Como resultados podemos observar que as mulheres na condição de mães estiveram como linha de frente da pandemia de Covid-19, o que repercutiu como sobrecarga, exaustão, insegurança, culpa e adoecimento mental. Mesmo quando as mães conseguiram dar respostas criativas e autênticas diante da crise, sua condição foi de vulnerabilidade e de retrocessos profissionais, financeiros e de saúde mental. É relevante que se possa analisar a pandemia de Covid-19, e demais crises, sob uma lente de gênero intersecional para tornar explícitas as iniquidades e vulnerabilidades que marcam o espaço social para a criação de uma sociedade igualitária e um ambiente equitativo; a sociedade e o Estado precisam compreender as condições maternas como de interesse público e não como uma questão privada. Precisamos avançar em direção ao reconhecimento, redistribuição e redução do trabalho de cuidado, que deve ser tratado pela sociedade como um todo, por razões éticas, bem como por razões de justiça e sobrevivência.

Palavras-chave: Pandemia Covid-19; Gênero; Estudos Maternos; Fenomenologia Crítica; Feminismo. Ver menos

The Covid-19 pandemic has affected the experiences of mothers around the world, exacerbating already existing gender inequalities, as well as representing setbacks in terms of employment and income, rates of violence, sexual and reproductive health care, mental health and a real crisis of care, exposing women to endless working hours. The aim of this study is to understand the experiences of being a mother in times of the Covid-19 pandemic and to analyze, using a critical phenomenological approach, the meanings of the women's own accounts of their lived experiences through a feminist theoretical lens. To this end, interviews were carried out with a leading question about what it was like to be a mother in times of pandemic, with eight women who lived with their children up to the age of seven in the city of Fortaleza, Ceará in the context of the pandemic. The results show that women as mothers have been on the front line of the Covid-19 pandemic, which has had repercussions such as overload, exhaustion, insecurity, guilt and mental illness. Even when mothers have been able to respond creatively and authentically to the crisis, their condition has been one of vulnerability and professional, financial and mental health setbacks. It is important to be able to analyze the Covid-19 pandemic, and other crises, through an intersectional gender lens in order to make explicit the inequities and vulnerabilities that mark the social space for the creation of an egalitarian society and an equitable environment; society and the state need to understand maternal conditions as a matter of public interest and not as a private matter. We need to move towards recognizing, redistributing and reducing care work, which should be handled by society as a whole, for ethical reasons as well as for reasons of justice and survival.

Keywords: Pandemic Covid -19, Gender, Maternal Theory, Critical Phenomenology, Feminism. Ver menos