A adolescência é marcada por transformações biopsicossocias estabelecidas pelas relações com
a família e a sociedade. Estas relações quando mal estabelecidas podem promover transtornos
psicofisiológicos e interferir negativamente na qualidade de vida deste adolescente. Com a
pandemia mundial da...

A adolescência é marcada por transformações biopsicossocias estabelecidas pelas relações com
a família e a sociedade. Estas relações quando mal estabelecidas podem promover transtornos
psicofisiológicos e interferir negativamente na qualidade de vida deste adolescente. Com a
pandemia mundial da COVID-19, as relações sociais passaram a ser virtuais e estes transtornos
agravados. A meditação, quando inserida na rotina diária destes escolares, pode ser uma
importante estratégia de controle destes sintomas. Este estudo teve por objetivo avaliar os
efeitos psicofisiológicos e comportamentais em escolares praticantes de meditação. Trata-se de
uma pesquisa de campo, com abordagem quanti-qualitativa, referenciada pela pesquisa-ação
realizada com 28 adolescentes escolares. A avaliação dos níveis de depressão, ansiedade e
estresse foi realizada através da Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse para Adolescentes
(EDAE-A), adaptada e validada para adolescentes brasileiros e a qualidade de vida através do
questionário WHOQOL-breve, antes e após oito semanas de meditação. A avaliação qualitativa
foi balizada pela observação participante com registro em diário de campo, grupo focal e
entrevista semiestruturada. Os resultados quantitativos foram analisados no software SPSS
versão 20.0, expressos como média e desvio padrão da média. O nível de significância
estabelecido foi de p <0,05. Os resultados qualitativos foram analisados pelo software
IRAMUTEQ. Os resultados evidenciaram uma melhora significativa na percepção da qualidade
de vida destes escolares nos domínios: físico (p=0,022), psicológico (p=0,018), na satisfação
pessoal (p=0,014) e na qualidade de vida geral (p=0,016), bem como uma melhora significativa
em todos os domínios (Depressão: p=0,013; Ansiedade: p=0,002; Estresse: p=0,006) na
comparação entre o período pré e pós prática de meditação. O corpus geral das entrevistas foi
constituído por 10 textos, separados em 66 segmentos de texto (ST), com aproveitamento de 57
STs (86,36%). Emergiram 1723 ocorrências (palavras, formas ou vocábulos), sendo 524
palavras distintas e 303 com uma única ocorrência. O conteúdo analisado foi categorizado em
três classes: Classe 1 ¿ ¿A meditação no controle dos sintomas psicofisiológicos¿, com 19 ST
(33,33%); Classe 2 ¿ ¿Os exercícios respiratórios como estratégia na mudança de
comportamento¿, com 14 ST (24,56%) e a Classe 3 ¿ ¿A meditação no controle dos sintomas
físicos e na melhora do rendimento acadêmico¿, com 24 ST (42,11%). O corpus geral do grupo
focal foi constituído por três textos, separados em 31 segmentos de texto (ST), com
aproveitamento de 31 STs (100,0%). Emergiram 440 ocorrências (palavras, formas ou
vocábulos), sendo 190 palavras distintas e 124 com uma única ocorrência. O conteúdo analisado
foi categorizado em duas classes: Classe 1 ¿ ¿Controle dos sintomas psicofisiológicos e
comportamentais¿, com 16 ST (51,61%) e a Classe 2 ¿ ¿Controle dos sintomas físicos¿, com
15 ST (48,39%). A nuvem de palavras, a análise de similitude dos depoimentos das entrevistas
e do grupo focal e a observação participante consolidaram os resultados das análises quantiqualitativas.
Conclui-se que a prática regular da meditação com atenção focada em três tempos
promoveu a melhora da qualidade de vida, reduziu os sintomas físicos e psicofisiológicos, bem
como promoveu mudanças comportamentais salutares nos adolescentes escolares investigados.
Palavras-chave: Ansiedade. Estresse psicológico. Depressão. Adolescente. Meditação.