A pandemia de Covid-19 provocou mudanças no modelo de trabalho de empresas
de todos os setores da economia. Nas emissoras de comunicação, os jornalistas
também foram impactados a partir da adoção de novos protocolos sanitários. Por
isso, o objetivo desta pesquisa é descrever como a pandemia do novo...

A pandemia de Covid-19 provocou mudanças no modelo de trabalho de empresas
de todos os setores da economia. Nas emissoras de comunicação, os jornalistas
também foram impactados a partir da adoção de novos protocolos sanitários. Por
isso, o objetivo desta pesquisa é descrever como a pandemia do novo coronavírus
reconfigurou os processos de produção de notícias nas redações de televisão. Para
o estudo, adotou-se uma abordagem metodológica quali-quantitativa e descritiva.
Em um primeiro momento decidiu-se constituir uma amostragem não probabilística
do tipo bola de neve com 93 jornalistas, sendo 51 homens, 41 mulheres e um que
prefere não especificar. A maioria da amostra é composta por indivíduos com idade
entre 30 e 39 anos, solteiros, sem filhos e com grau de instrução superior completo.
Pra esse grupo, foi aplicado um questionário padrão próprio divido em quatro
seções: perfil dos respondentes, dados profissionais, desafios impostos, e
teletrabalho. Em um segundo momento, optou-se por realizar com uma amostragem
não probabilística por julgamento com parte dos sujeitos do primeiro estudo. Para a
definição da quantidade de participantes, escolheu-se o fechamento amostral por
saturação. Assim, sete sujeitos participaram da entrevista em profundidade para que
fosse possível analisar as condições de trabalho na pandemia, os desafios
enfrentados, como propagação de Fake News e redução de salário, e como isso
interferiu no clima organizacional e na saúde mental de jornalistas de televisão.
Como resultado dessa pesquisa, percebeu-se que pelo menos seis processos foram
afetados na rotina dos jornalistas, além da adoção inédita de teletrabalho. Além
disso, houve falta de suporte das empresas no fornecimento de materiais e
dispositivos para o trabalho à distância, aumento do ritmo de trabalho, redução do
tempo com a família/amigos e outras atividades não relacionadas ao exercício
profissional, e em contrapartida, crescimento da produtividade. Os resultados
apontam ainda as três principais dificuldades enfrentadas durante a pandemia: fazer
distanciamento social na redação; realizar entrevistas à distância e falta de imagens
para cobrir uma reportagem. Ademais, algumas emissoras de televisão adotaram o
modelo de redução de jornada e salário dos trabalhadores. Assim, a pandemia
estimulou ainda mais a precarização que o jornalismo já vinha sofrendo ao longo dos
anos. Observou-se também que contaminar algum familiar está entre os maiores
receios dos jornalistas e o avanço de Fake News e das ofensas contra os
comunicadores provocaram medo em quem continuou trabalhando. Portanto,
conclui-se a partir deste estudo que os jornalistas de televisão foram extremamente
impactados pelas medidas adotadas na rotina de trabalho durante a pandemia.
Palavras-chave: desafios; condições de trabalho; jornalistas; televisão; COVID-19

The Covid-19 pandemic caused changes in the work model of companies in all
sectors of the economy. In news stations, journalists were also impacted by the
adoption of new health protocols. Therefore, the objective of this research is to
describe how the coronavirus pandemic has reconfigured news...

The Covid-19 pandemic caused changes in the work model of companies in all
sectors of the economy. In news stations, journalists were also impacted by the
adoption of new health protocols. Therefore, the objective of this research is to
describe how the coronavirus pandemic has reconfigured news production processes
in television newsrooms. For the study, a qualitative-quantitative and descriptive
methodological approach was adopted. At first, a non-probability (snowball sampling)
sample pool was constituted with 93 journalists, 51 men, 41 women and one who
prefers not to specify. The majority of the sample is composed of individuals aged
between 30 and 39 years, single, without children and with undergraduate degrees.
For this group, a standard questionnaire divided into four sections was applied:
respondents' profile, professional data, imposed challenges, and remote-work. In a
second moment, a non-probabilistic sampling by judgment was carried out with part
of the subjects of the first study. Sampling closure by saturation was chosen to define
the number of participants. Seven subjects participated in the in-depth interview in
order to analyze the working conditions in the pandemic and the main challenges
they faced, such as the spread of Fake News and salary reduction, and how this
interfered in the organizational climate and mental health of television journalists. The
conclusions was that at least six processes were affected in the routine of journalists,
in addition to the unprecedented adoption of remote-work. Furthermore, there was a
lack of support from companies in supplying materials and devices for remote-work,
an increased work pace, and reduced time with family/friends and other activities not
related to professional practice. However, there was a spike in productivity. The
results also point to the three main difficulties faced during the pandemic: social
distancing in the newsroom; conducting remote interviews; and lack of visual material
to cover a News story. Furthermore, some television stations have adopted the
model of reducing the working hours and wages of workers. Therefore, the pandemic
stimulated even more the precariousness that journalism has been suffering over the
years. It was also observed that infecting a family member is among the greatest
fears of journalists and the advance of Fake News and offenses against
communicators caused fear in those who continued working. So, the conclusion of
this study is that television journalists were extremely impacted by the measures
adopted in their work routine during the pandemic.
Keywords: challenges; work conditions; journalists; television; COVID-19