Nas últimas décadas, devido às transformações e expansão do capitalismo, as demandas
no campo da saúde estão cada vez mais dinâmicas e complexas. Nesse cenário, o
desenvolvimento de ações ou práticas de trabalho que envolvam a colaboração aparece
como uma tendência que busca adequar os serviços e...

Nas últimas décadas, devido às transformações e expansão do capitalismo, as demandas
no campo da saúde estão cada vez mais dinâmicas e complexas. Nesse cenário, o
desenvolvimento de ações ou práticas de trabalho que envolvam a colaboração aparece
como uma tendência que busca adequar os serviços e atendimentos às exigências do
mundo atual, garantindo ações mais sustentáveis e colaborativas. No Brasil, várias
políticas e abordagens foram criadas no SUS com o intuito de acompanhar essas
demandas por meio da adoção de novos modelos de atenção que levem à
potencialização dos cuidados em saúde. Dentre eles, observa-se o debate sobre a
Colaboração Interprofissional, em especial na Atenção Básica. Diante disso, o objetivo
geral da tese foi analisar a colaboração no trabalho de cinco equipes de saúde de
Unidades de Atenção Primária em Saúde (UAPS) de Fortaleza e sua relação com as
condições de trabalho e as redes estabelecidas. Os objetivos específicos configuraram-se
como gerais de cada estudo, sendo eles: 1) conhecer o ambiente e as condições de
trabalho nas quais as equipes de saúde estão inseridas; 2) analisar a colaboração no
trabalho das equipes de saúde baseado na tipologia de D´Amour e contextualizar as
diferenças em termos do grau de colaboração existente; 3) mapear e comparar as
características estruturais e relacionais das redes de colaboração no trabalho das equipes
de saúde e; 4) apresentar três práticas colaborativas implementadas nas equipes
referência estudadas. A pesquisa foi realizada com cinco equipes de UAPS de
Fortaleza-CE, sendo três consideradas referência na díade ensino-serviço e duas não.
Como método, utilizou-se entrevistas semiestruturadas, tipologia da colaboração de
D´Amour e Análise de Redes Sociais (ARS). Os resultados mostraram que as equipes
vivenciam condições de trabalho precárias de formas semelhantes, em especial, em
relação à infraestrutura das unidades e baixa disponibilidade de materiais e
equipamentos. Em relação à tipologia da colaboração, foram observados níveis
diferentes, principalmente entre as equipes referência e não referência. O estudo
evidenciou a importância do objetivo comum, do sentimento de pertença e das
lideranças para o desenvolvimento da colaboração. Na ARS, foi possível confirmar a
relevância e a influência das redes sociais para o funcionamento das equipes, bem como
para o trabalho colaborativo. As equipes referência apresentaram redes mais coesas,
com relações heterogêneas e reciprocidade, possibilitando o desenvolvimento da
colaboração. Por fim, as experiências colaborativas evidenciaram a possibilidade de
desenvolver práticas que envolvem a colaboração, mesmo com condições de trabalho
prejudicadas. Pode-se concluir a colaboração funciona como uma proteção às equipes
no desenvolvimento das atividades laborais, configurando-se como um apoio para os
seus membros. Quando a equipe é permeada pela colaboração apresenta relações mais
coesas e frutíferas que impactam diretamente na forma como lidam com as dificuldades
encontradas.
Palavras-chave: colaboração; condições de trabalho; análise de redes sociais; equipes
de saúde; Atenção Básica.

In the last decades, due to the transformations and expansion of capitalism, the demands
in the field of health are increasingly dynamic and complex. In this scenario, the
development of actions or work practices that involve the collaboration seems to be a
tendency that searches to suit services...

In the last decades, due to the transformations and expansion of capitalism, the demands
in the field of health are increasingly dynamic and complex. In this scenario, the
development of actions or work practices that involve the collaboration seems to be a
tendency that searches to suit services and assistance to the demand of current world,
ensuring more sustainable and collaborative actions. In Brazil, lots of policies and
approaches were implemented in the SUS, to follow these demands by adopting new
models of care which contribute to enhancement of health care. Among them, there is
the debate on Interprofessional Collaboration, especially in Primary Care. Therefore, the
general objective of this thesis was to analyze the collaboration in the work of five
health teams in the Primary Health Care Units (UAPS) if the city of Fortaleza and its
relationship with the work conditions and the stablished networks. The specific
objectives were configured as general for each study, as they are: 1) get to know the
Environment and its work conditions in which the Health teams are integrated; 2)
analyze collaboration in the work of health teams based on the D´Amour typology and
contextualize the differences in a level of the existing collaboration degree; 3) to map
and compare the structural and relational characteristics of collaboration networks in the
work of health teams and; 4) present three collaborative practices implemented in the
reference teams studied. The research was made with five health teams of the UAPS in
Fortaleza-CE, three of which were considered a reference in the teaching-service dyad
and two not. As a method, we used semi-structured interviews, D´Amour collaboration
typology and Social Network Analysis (ARS). The results showed that the teams
experience precarious work conditions in a similar way, especially related to the unit¿s
infrastructure and low availability of materials and equipment. Regarding to the
typology of collaboration, different levels were observed, especially between the
reference and non-reference teams. This study pointed the importance of the common
goal, the sense of belonging and the leadership for the development of the collaboration.
At ARS, was possible to confirm the relevance and the influence of the social networks
for the performance of the teams, as well for the collaborative work. The reference
teams presented more cohesive networks, with heterogeneous relationships and
reciprocity, enabling the development of collaboration. Finally, the collaborative
experiences showed the possibility of developing practices that involve collaboration,
even with impaired work conditions. We may conclude that collaboration works as a
protection to the teams concerning the work activities development which sets up as na
support for all their members. When the team is permeated by the collaboration, it
presents more cohesive and fruitful relations that impact directly in the way how they
deal with the difficulty faced.
Keywords: collaboration; work conditions; analysis of social networks; health teams;
primary care.