Oportunidades perdidas na atenção primária para seguimento de crianças notificadas com sífilis congênita [Digital]
Tese
Português
616.972
Fortaleza, 2021.
A Sífilis Congênita representa um problema de saúde pública e continua a desafiar globalmente as organizações nacionais e internacionais responsáveis pelos sistemas de saúde. Para a efetiva prevenção da infecção, faz-se necessário uma atenção pré-natal de qualidade com garantia de testagem para...
Ver mais
A Sífilis Congênita representa um problema de saúde pública e continua a desafiar globalmente as organizações nacionais e internacionais responsáveis pelos sistemas de saúde. Para a efetiva prevenção da infecção, faz-se necessário uma atenção pré-natal de qualidade com garantia de testagem para sífilis de todas as gestantes durante a assistência pré-natal, na primeira consulta e no terceiro trimestre de gestação, bem como o tratamento oportuno para quebrar a cadeia de transmissão evitando um desfecho desfavorável. O seguimento das crianças com sífilis congênita deve ocorrer com todos os recém-nascidos, independentemente do histórico de tratamento da mãe e devem passar por um processo de avaliação rigorosa ainda na maternidade, para a identificação de sinais e sintomas. Este estudo teve por objetivo analisar as oportunidades perdidas na atenção primária para seguimento de crianças notificadas com sífilis congênita. Trata-se de um estudo descritivo, que analisou o seguimento de todas as crianças notificadas com Sífilis Congênita no ano de 2015 no município de Fortaleza, Ceará. A coleta dos dados ocorreu de março a agosto de 2020 em duas fases. Inicialmente foi realizado junto a Secretaria Municipal de Saúde o levantamento dos casos e, após essa identificação, procedeu-se a busca deles nos prontuários eletrônicos (Fastmedic®) das Unidades Básicas de Saúde do município. Identificou-se 368 crianças notificadas que não tinham registro de atendimento nos prontuários dos serviços especializados. No entanto, 273 (74,2%) delas compareceram às Unidades Básicas de Saúde. Setenta e cinco (20,8%) nasceram com peso igual ou inferior a 2.499 gramas. O APGAR do quinto minuto foi maior ou igual a sete em 344 (99,4%) casos e foram reanimadas ao nascer 30 (8,3 %) crianças. Em se tratando do esquema de tratamento do recém-nascido na maternidade, identificou-se que mais da metade (55,7%) foi tratado com esquema diferente do preconizado pelo Ministério da Saúde. Foram tratadas com alguns dos esquemas recomendados pelo Ministério da Saúde 160 (44,3 %), enquanto 195 (54,0%) receberam outra droga (ceftriaxona ou cefazolin). Realizaram VDRL ao nascer, 359 (99,4 %) recém-nascidos e, destes, 288 (80,2%) tiveram resultados reagentes. Ademais, 254 (70,4 %) realizaram o líquor cujo VDRL foi reagente para sete (1,9 %). Identificou-se que 266 (73,7%) compareceu Atenção Primaria a Saúde, dessas 62 (23,3%) apresentaram registro de sífilis nos prontuários eletrônicos e em 31 deles (50,0%) havia solicitação de VDRL. Para 18 (58,1%) o resultado foi não reagente e 13 (41,9%) não foi possível encontrar registro de resultados do exame no sistema. A partir dos resultados encontrados foi possível concluir que as crianças com Sífilis Congênita que não comparecem aos ambulatórios especializados frequentam a Atenção Primaria a Saúde e não foi realizado o manejo clínico e laboratorial do seguimento terapêutico de forma adequada de acordo com as diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde. As crianças não realizaram os exames de rotina preconizados e, mesmo aquelas que compareceram às consultas de puericultura, não tiveram a oportunidade de realização do seguimento Sífilis Congênita, o que reforça a perda de oportunidade. A Sífilis Congênita continua sendo uma doença impactante que causa mortes fetais e neonatais, prematuridade, baixo peso ao nascer e sequelas graves e irreversíveis em algumas crianças.
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Sífilis Congênita; Transmissão Vertical de Doença Infecciosa; Perda de Seguimento. Ver menos
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Sífilis Congênita; Transmissão Vertical de Doença Infecciosa; Perda de Seguimento. Ver menos
Congenital Syphilis represents a public health problem and continues to challenge national and international organizations responsible for health systems globally. For effective prevention of the infection, quality prenatal care is necessary, ensuring testing for syphilis for all pregnant women...
Ver mais
Congenital Syphilis represents a public health problem and continues to challenge national and international organizations responsible for health systems globally. For effective prevention of the infection, quality prenatal care is necessary, ensuring testing for syphilis for all pregnant women during prenatal care, in the first visit and in the third trimester of pregnancy, as well as timely treatment to break the chain of transmission and avoid an unfavorable outcome. The follow-up of children with congenital syphilis should occur with all newborns, regardless of the mother's treatment history, and should undergo a rigorous evaluation process still in the maternity ward, for the identification of signs and symptoms. This study aimed to analyze the missed opportunities in primary care for follow-up of children notified with congenital syphilis. This is a descriptive study, which analyzed the follow-up of all children notified with Congenital Syphilis in 2015 in the municipality of Fortaleza, Ceará. Data collection occurred from March to August 2020 in two phases. Initially, a survey of the cases was carried out with the Municipal Health Secretariat and, after this identification, we proceeded to search for them in the electronic medical records (Fastmedic®) of the Basic Health Units of the municipality. We identified 368 notified children who had no record of care in the medical records of specialized services. However, 273 (74.2%) of them went to the Unidades Básicas de Saúde (Basic Health Units). Seventy-five (20.8%) were born weighing 2,499 grams or less. The APGAR in the fifth minute was greater than or equal to seven in 344 (99.4%) cases and 30 (8.3%) children were resuscitated at birth. Regarding the treatment regimen of the newborn in the maternity ward, it was found that more than half (55.7%) were treated with a regimen different from that recommended by the Ministry of Health. 160 (44.3%) were treated with some of the regimen recommended by the Ministry of Health, while 195 (54.0%) received another drug (ceftriaxone or cefazolin). A total of 359 (99.4%) newborns underwent VDRL at birth, and of these, 288 (80.2%) had reagent results. Moreover, 254 (70.4%) had cerebrospinal fluid tests and seven (1.9%) had VDRL results. It was identified that 266 (73.7%) went to Primary Health Care, of these 62 (23.3%) had a syphilis record in the electronic medical records and in 31 of them (50.0%) there was a VDRL request. For 18 (58.1%) the result was non-reactive and 13 (41.9%) could not find any record of the test results in the system. From the results found it was possible to conclude that children with Congenital Syphilis who do not attend the specialized outpatient clinics attend Primary Health Care and the clinical and laboratory management of the therapeutic follow-up was not performed properly according to the guidelines set by the Ministry of Health. The children did not perform the routine tests recommended, and even those who attended the childcare appointments did not have the opportunity to perform the Congenital Syphilis follow-up, which reinforces the loss of opportunity. Congenital Syphilis continues to be an impacting disease that causes fetal and neonatal deaths, prematurity, low birth weight, and severe and irreversible sequelae in some children.
Keywords: Primary Health Care; Congenital Syphili;. Vertical Transmission of Infectious Disease; Loss to Follow-up. Ver menos
Keywords: Primary Health Care; Congenital Syphili;. Vertical Transmission of Infectious Disease; Loss to Follow-up. Ver menos
Araújo, Maria Alix Leite
Orientador
Araújo, Maria Alix Leite
Banca examinadora
Ferreira Júnior, Antonio Rodrigues
Banca examinadora
Miranda, Angélica Espinosa
Banca examinadora
Nobre, Rivianny Arrais
Banca examinadora
Vieira, Luiza Jane Eyre de Souza
Banca examinadora
Abdon, Ana Paula de Vasconcellos
Banca examinadora