Esta dissertação tem como objetivo evidenciar as práticas, normas e técnicas produtoras das identidades na contemporaneidade, através da tomada do corpo enquanto objeto de análise e, portanto, de incidência de discursos históricos subjetivantes. Por meio de um olhar foucaultiano, exploramos o...

Esta dissertação tem como objetivo evidenciar as práticas, normas e técnicas produtoras das identidades na contemporaneidade, através da tomada do corpo enquanto objeto de análise e, portanto, de incidência de discursos históricos subjetivantes. Por meio de um olhar foucaultiano, exploramos o período de surgimento do corpo anatomopatológico na modernidade, bem como o processo através do qual este corpo torna-se sexualizado e fundamento de práticas biopolíticas do poder de regulação. Feito isto, partimos do pressuposto de que o corpo sexualizado, racializado e espacializado tornou-se o critério norteador das tecnologias de normatização e resistência das identidades. Para analisarmos empiricamente e criticamente esse fenômeno, escolhemos nos aproximar do funk enquanto discurso, por tratar-se de um movimento político-artístico de extrema relevância no Brasil. Através da análise de letras de músicas de duas vertentes do funk ¿ ¿proibidão¿ e ¿ostentação¿ ¿, chegamos à conclusão de que, à nível populacional, as letras evidenciam as identidades de grupos pertencentes a espaços excluídos da sociedades: das comunidades, dos morros, etc. A nível individual, ao se analisar as práticas corporais das cirurgias estéticas e plásticas, das práticas sexuais e de um estilo de vida em que predomina o luxo, o corpo ¿ e, portanto, a subjetividade ¿ é construída através da apropriação do discurso excludente, ao mesmo tempo em que se preserva e se exalta a experiência dentro das comunidades. É dessa forma que o funk consegue despontar: através da exploração do capital humano como um estilo musical de valor de mercado e de valor cultural.
Palavras-chave: Corpo. Biopolítica. Foucault. Funk.

The purpose of this dissertation is to highlight the practices, norms and techniques that produce identities in contemporary times, through the taking of the body as an object of analysis and, therefore, of the incidence of historical subjectivant speeches. Through a Foucaultian look, we explore the...

The purpose of this dissertation is to highlight the practices, norms and techniques that produce identities in contemporary times, through the taking of the body as an object of analysis and, therefore, of the incidence of historical subjectivant speeches. Through a Foucaultian look, we explore the period of appearance of the anatomopathological body in modernity, as well as the process through which this body becomes sexualized and the basis of biopolitical practices of the regulation power. Thereafter, we start from the assumption that the sexualized, racialized and spatialized body became the guiding criterion of the technologies of normatization and resistance of identities. To analyze this phenomenon empirically and critically, we have chosen to approach funk as a speech, considering that funk is an extremely important political-artistic movement in Brazil. Through the analysis of song lyrics of two branches of funk - ¿proibidão¿ and "ostentação" - we come to the conclusion that, at population level, the lyrics show the identities of groups belonging to excluded spaces of societies: shanty towns, hills, etc. At individual level, when analyzing the bodily practices of aesthetic and plastic surgeries, sexual practices and a lifestyle in which luxury predominates, the body - and therefore subjectivity itself - is constructed through the appropriation of exclusive speech, at the same time preserving and exalting experience within communities. This is how funk manages to emerge: through the exploitation of human capital as a musical style of market value and cultural value.
Keywords: Body. Biopolitics. Foucault. Funk.