O aumento da incidência dos transtornos mentais e comportamentais (TMC) relacionados ao trabalho tem apresentado estatísticas preocupantes. Essa expansão, além de levar ao reconhecimento de que se trata de um problema de Saúde Pública, também passou a ser objeto de preocupação governamental, devido...

O aumento da incidência dos transtornos mentais e comportamentais (TMC) relacionados ao trabalho tem apresentado estatísticas preocupantes. Essa expansão, além de levar ao reconhecimento de que se trata de um problema de Saúde Pública, também passou a ser objeto de preocupação governamental, devido aos elevados custos econômicos e sociais acarretados por essa problemática, sendo necessários estudos que avancem para além dos números, a fim de analisar os segmentos sociais de que fazem parte as pessoas que estão adoecendo. Este estudo tem como objetivo investigar os afastamentos por transtornos mentais e comportamentais em uma instituição pública federal de educação profissional e tecnológica do estado do Ceará. Foi realizado um estudo longitudinal (coorte retrospectiva), que traçou o perfil de afastamento dos servidores desde a sua admissão até 2018 (história ocupacional), sendo detalhado o perfil sociodemográfico e ocupacional dos trabalhadores e avaliadas as associações dessas variáveis com o desfecho de interesse (afastamento por TMC). Posteriormente, foi feita uma análise de sobrevida, em que se avaliou o efeito de fatores sociodemográficos e ocupacionais na ocorrência de afastamento precoce por TMC. Ocorreram 684 afastamentos por motivo de TMC, no período de 2010 a 2018, em 250 servidores, com uma taxa de incidência de 4,9%. Tais afastamentos resultaram em 22.409 dias perdidos de trabalho (DAW) e efeitos financeiros de aproximadamente R$ 6.845.220. Houve um aumento na quantidade de afastamentos, de dias perdidos de trabalho e da taxa de incidência de servidores afastados ao longo do período do estudo. O grupo dos transtornos do humor (F30-F39) da CID-10 foi a principal causa de afastamento por motivo de TMC (53,6%) e DAW (13.057), seguido dos transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o ¿stress¿ e transtornos somatoformes (F40-F48), com 37,8 % dos afastamentos e 6.389 DAW. As maiores incidências de servidores afastados foram nas cidades do interior do Ceará, sobretudo no campus de Baturité-CE (incidência de 26,3%). Houve associações positivas com a ocorrência de TMC nos seguintes grupos: Técnicos Administrativos em Administração (TAEs) que exerceram função, docentes com idade mais avançada e com tempo de serviço maior na instituição, TAEs com tempo de serviço menor (até 9 anos) e solteiros. A análise de sobrevida mostrou afastamento mais precoce nas seguintes categorias: servidores do interior, solteiros, faixa etária de 18 a 39 anos, com tempo de serviço na instituição menor (até 9 anos) e classe econômica A. Concluiu-se que fatores sociodemográficos e ocupacionais devem ser reconhecidos como contribuidores dos afastamentos do trabalho por TMC. Não obstante, considerando a multicausalidade dos TMC, recomenda-se a investigação de outros fatores possíveis de associação com o adoecimento e com o absenteísmo (hábitos e estilos de vida, as condições e organização de trabalho, os fatores organizacionais e psicossociais do trabalho). Como estratégia para enfrentamento do absenteísmo doença por TMC na instituição, sugere-se a promoção de ambientes de trabalho saudáveis, inspeções em locais de trabalho, o fortalecimento de um modelo de perícia médica e reabilitação profissional com interação entre o médico perito e a equipe multiprofissional e o desenvolvimento de programas de promoção em saúde do trabalhador.

The increase in the incidence of mental and behavioral disorders related to work has presented worrying statistics. This expansion, not only lead to the recognition of this as a Public Health problem, but also became object of government concern due to its high economic and social impact, and...

The increase in the incidence of mental and behavioral disorders related to work has presented worrying statistics. This expansion, not only lead to the recognition of this as a Public Health problem, but also became object of government concern due to its high economic and social impact, and studies are required to overcome the numbers, in order to analyze this social segment of which these people are part. This study aims to investigate medical leave resulting from mental and behavioral disorders in a federal public institution of vocational and technological education in the state of Ceará, Brazil. A longitudinal study (retrospective cohort), which drawn the profile of removal of these servants since their admission until 2018 (occupational history), with the sociodemographic and occupational profile detailed and the associations between these variables explored with the outcome of interest (removal due to mental and behavioral disorders). Then a survival analysis was done, through which the effects of sociodemographic and occupational factors in the occurrence of the removals were investigated. A total of 684 removals due to these disorders were observed in the period from 2010 to 2018, among 250 servants, with an incidence rate of 4.9%. These removals resulted in 22,409 days away from work (DAW) and financial effects of approximately R$ 6,845,220. There was an increase in the amount of removals, lost work days and incidence rate during the study period. The group of mood disorders (F30-F39) of ICD-10 was the main cause of removal (53.6%) and DAW (13,057), followed by neurotic disorders, stress-related disorders and somatoform disorders (F40-F48), with 37.8% of removals and 6,389 DAW. The highest incidences of removals were observed in the cities of the countryside of Ceará state, mainly in the campus of Baturité-CE (incidence of 26.3%). There were positive associations in the occurrence of these disorders in the following groups: administrative-technicians who exert function, professor with advanced age and higher time on work, administrative-technicians with lower time on work (until 9 years) and single (as marital status). The analysis of survival evidenced an earlier removal in the following categories: servants from the countryside, singles, aged 18-39 years, time on work lower than 9 years, and economic class A. We conclude that sociodemographic and occupational factors should be recognized as contributors for work removal due to mental and behavioral disorders. However, due to its multicausal origin, it is advisable to investigate other possible associated factors for illness in this population (habits, lifestyle, work conditions and organization, psychosocial and organizational factors of work). As a strategy to face the absenteeism due to mental and behavioral disorders in our institution, we suggest to promote healthier work environment, to inspect work places, to strength the medical expert service and professional rehabilitation, with a higher interaction between the expert doctor and the multi-professional team, and the development of health promotion programs directed for servants¿ health.