É um desafio para a educação médica formar profissionais que contribuam para a melhoria do atendimento e eficácia dos sistemas de saúde. Torna-se cada vez mais desejável que os currículos dos cursos de Medicina possibilitem o desenvolvimento de competências de liderança colaborativa e transformadora, voltadas ao bem-estar da comunidade, com compromisso e responsabilidade social. Diante desse cenário, objetiva-se, nesta investigação, conhecer as percepções e a trajetória dos egressos de um curso de Medicina quanto ao desenvolvimento da liderança em seus processos de formação profissional. Trata-se de uma pesquisa transversal, de abordagem mista, do tipo sequencial explanatória, realizada com profissionais egressos do curso de graduação em Medicina de uma instituição privada, situada no Nordeste brasileiro. Os dados foram coletados em duas fases distintas e sequenciais, sendo a primeira fase quantitativa (n=78) ¿ realizada por meio da aplicação de um questionário on-line ¿ e a segunda fase, qualitativa (n=10) ¿ realizada com amostragem extraída a partir da fase inicial, na qual foram realizadas entrevistas semiestruturadas. A análise descritiva realizada na primeira fase apontou uma amostra caracterizada por residentes (41%) com dois vínculos empregatícios (38,5%), tendo como principal fonte de renda a assistência médica pública (71,8%); com atuação, predominantemente, na atenção primária (23,1%), seguida da atenção terciária (20,5%), e, em menor frequência, na atenção secundária (12,8%). Dos respondentes, 15 (19,2%) atenderam aos critérios de inclusão para a segunda fase, sendo considerados líderes com atitudes de liderança transformacional. Quatro categorias emergiram dos dados obtidos na fase qualitativa: (1) incongruência nos conceitos de liderança; (2) vivências de liderança no exercício da profissão; (3) modos de aprender liderança; e (4) demandas sobre liderança para a formação médica. Concluiu-se que, nas falas dos egressos entrevistados, surgiram inconsistências nos conceitos de liderança, ora definidos em um modelo autocrático, ora democrático, embora a vivência da liderança na atuação profissional tenha sido enfaticamente expressa em torno de uma liderança colaborativa e compartilhada. Os entrevistados sugeriram que os grupos tutoriais e algumas atividades extracurriculares podem ter contribuído para o desenvolvimento de atitudes de liderança e apontaram para a inserção da liderança dentro do processo formal de educação na formação do médico. A incorporação de treinamento de liderança ao currículo pode possibilitar maior entendimento e desenvolvimento de atitudes de liderança transformacional. Assim, ressalta-se a relevância desta inserção para que as escolas médicas possam contribuir para a formação de líderes capazes de atuar como agentes transformadores da realidade nos serviços de saúde. Novos estudos nessa temática são necessários para que estratégias eficazes sejam traçadas nesse sentido.
Palavras-chave: Educação Médica. Liderança. Currículo. Responsabilidade Social.
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It is a challenge for medical education to train professionals who can contribute to improving care and efficiency in the health systems. It has become more desirable that the curricula of Medicine programs enable the development of collaborative and transformative leadership competences, focused on the community¿s well-being and committed to social responsibility. Considering this scenario, this investigation aims to learn about the perceptions and trajectory of graduate students from a Medicine program regarding the development of leadership in their process of professional education. This is a cross-sectional research with a mixed approach (sequential and explanatory), carried out with professionals who majored in Medicine at a private institution¿s undergraduate program located in the Brazilian Northeast region. The data were collected in two distinct, sequential phases. The first phase was quantitative (n=78) and carried out through the application of an online questionnaire; the second phase was qualitative (n=10) and carried out with a sample extracted from the initial phase, with whom we conducted semi-structured interviews. The descriptive analysis carried out in the first phase indicated the sample was composed of residents (41%) with two employment relationships (38.5%), who had public medical care as their main source of income (71.8%) and who performed their duties predominantly in primary care (23.1%), followed by tertiary care (20.5%) and, less often, secondary care (12.8%). Fifteen of the respondents (19.2%) met the inclusion criteria for the second phase and were considered leaders with transformational leadership behaviors. Four categories emerged from the data obtained in the qualitative phase: (1) incongruity in leadership concepts; (2) leadership experiences in the exercise of the profession; (3) ways to learn about leadership; and (4) demands regarding leadership for medical education. We concluded that inconsistencies emerged from the statements of the students interviewed regarding the concept of leadership, which was sometimes defined as an autocratic model and sometimes as a democratic model, although experiencing leadership in the exercise of the profession was strongly expressed in terms of collaborative and shared leadership. The interviewees suggested that the tutorial groups and some extracurricular activities may have contributed for the development of leadership behaviors, and pointed out that leadership should be included in the formal education process in medical training. The inclusion of leadership training in the curriculum may allow a better understanding and development of transformational leadership behaviors. Therefore, we highlight the relevance of leadership training so that medical schools may contribute to training leaders capable of acting as transformative agents inside the reality of healthcare services. New studies around this theme are necessary in order to develop efficient strategies on this regard.
Keywords: Medical Education. Leadership. Curriculum. Social Responsibility. Ver menos