Autonomia profissional de enfermeiros: um estudo a partir de incidentes críticos [Digital]
Tese
Português
616-083:159.9
[Professional autonomy of nurses : a study based on critical incidents]
Fortaleza, 2015.
A enfermagem compõe expressivo contingente da força de trabalho em saúde no Brasil.
Trata-se de grupo profissional amplamente distribuído e que vem ocupando importante
espaço no contexto público e privado da saúde, nos diversos âmbitos da assistência. Com a
ampliação dos espaços de atuação e das... Ver mais A enfermagem compõe expressivo contingente da força de trabalho em saúde no Brasil.
Trata-se de grupo profissional amplamente distribuído e que vem ocupando importante
espaço no contexto público e privado da saúde, nos diversos âmbitos da assistência. Com a
ampliação dos espaços de atuação e das contribuições do campo, a área vem discutindo cada
vez mais questões ligadas ao seu objeto de estudo, entraves para uma maior inserção política
e ampliação da sua contribuição social, entre outras. Uma análise da literatura pertinente a
essas temáticas evidenciou a existência de vasto número de estudos que problematizam a
questão da autonomia profissional, assinalando-a como direito e elemento fundamental para a
consolidação da enfermagem. Contudo, a maioria das pesquisas aborda o tema a partir da
percepção dos enfermeiros, que a consideram um fenômeno em vias de consolidação. Com
base no exposto, esta tese ancora-se nos estudos sobre autonomia profissional e no aparato
teórico da clínica da atividade a fim de compreender como a autonomia profissional é
vivenciada por enfermeiros, a partir do estudo de casos concretos de seu cotidiano de
trabalho. Os dados necessários à sua concretização foram obtidos mediante o
desenvolvimento de uma pesquisa de cunho descritivo, exploratório e qualitativo, articulando
dois estudos, o primeiro realizado por meio de entrevistas semiestruturadas, baseadas no
Método de Decisões Críticas, e o segundo a partir da utilização da Técnica de Confrontações
por Pares, inspirada na abordagem da Clínica da Atividade que, posteriormente foram
organizados e submetidos à análise de conteúdo temática. Dentre os principais resultados
obteve-se que a precarização das condições de trabalho constitui fator que afeta a atividade
do enfermeiro, enrijecendo o gênero profissional, restringindo o estilo, diminuindo seu poder
de agir e a possibilidade de utilização da catacrese. Verificou-se que a falta de apropriação do
conhecimento configura aspecto desfavorável para a edificação da autonomia. Constatou-se
nos enfermeiros um movimento dicotômico que, se por um lado assinala o seu desejo de
autonomia, manifesto pelos posicionamentos de descontentamento frente a práticas e
situações que denotam submissão, por outro revela sua inércia na busca por mudanças, a
acomodação diante da atualização do conhecimento e a ausência de implicação com a postura
de responsabilidade que a condição autônoma enseja. Desse modo, inferiu-se que os
enfermeiros não fazem uso máximo das prescrições postuladas pelos dispositivos trabalhistas,
legais e de classe e que, notavelmente, o real da sua atividade apresenta-se mais restrito que o
trabalho prescrito, no que se refere a práticas autônomas. Assim, o enfermeiro, para vivenciar
a autonomia na concretude do seu cotidiano, precisa, para além de lidar com desafios do
cenário externo, rever posicionamentos do gênero que remetem à abdicação do trabalho
prescrito e à renúncia ao poder de agir em prol de uma atividade ampliada em termos de
práticas independentes e auto resolutivas.
Palavras-chave: autonomia profissional, enfermagem, trabalho, saúde. Ver menos
Trata-se de grupo profissional amplamente distribuído e que vem ocupando importante
espaço no contexto público e privado da saúde, nos diversos âmbitos da assistência. Com a
ampliação dos espaços de atuação e das... Ver mais A enfermagem compõe expressivo contingente da força de trabalho em saúde no Brasil.
Trata-se de grupo profissional amplamente distribuído e que vem ocupando importante
espaço no contexto público e privado da saúde, nos diversos âmbitos da assistência. Com a
ampliação dos espaços de atuação e das contribuições do campo, a área vem discutindo cada
vez mais questões ligadas ao seu objeto de estudo, entraves para uma maior inserção política
e ampliação da sua contribuição social, entre outras. Uma análise da literatura pertinente a
essas temáticas evidenciou a existência de vasto número de estudos que problematizam a
questão da autonomia profissional, assinalando-a como direito e elemento fundamental para a
consolidação da enfermagem. Contudo, a maioria das pesquisas aborda o tema a partir da
percepção dos enfermeiros, que a consideram um fenômeno em vias de consolidação. Com
base no exposto, esta tese ancora-se nos estudos sobre autonomia profissional e no aparato
teórico da clínica da atividade a fim de compreender como a autonomia profissional é
vivenciada por enfermeiros, a partir do estudo de casos concretos de seu cotidiano de
trabalho. Os dados necessários à sua concretização foram obtidos mediante o
desenvolvimento de uma pesquisa de cunho descritivo, exploratório e qualitativo, articulando
dois estudos, o primeiro realizado por meio de entrevistas semiestruturadas, baseadas no
Método de Decisões Críticas, e o segundo a partir da utilização da Técnica de Confrontações
por Pares, inspirada na abordagem da Clínica da Atividade que, posteriormente foram
organizados e submetidos à análise de conteúdo temática. Dentre os principais resultados
obteve-se que a precarização das condições de trabalho constitui fator que afeta a atividade
do enfermeiro, enrijecendo o gênero profissional, restringindo o estilo, diminuindo seu poder
de agir e a possibilidade de utilização da catacrese. Verificou-se que a falta de apropriação do
conhecimento configura aspecto desfavorável para a edificação da autonomia. Constatou-se
nos enfermeiros um movimento dicotômico que, se por um lado assinala o seu desejo de
autonomia, manifesto pelos posicionamentos de descontentamento frente a práticas e
situações que denotam submissão, por outro revela sua inércia na busca por mudanças, a
acomodação diante da atualização do conhecimento e a ausência de implicação com a postura
de responsabilidade que a condição autônoma enseja. Desse modo, inferiu-se que os
enfermeiros não fazem uso máximo das prescrições postuladas pelos dispositivos trabalhistas,
legais e de classe e que, notavelmente, o real da sua atividade apresenta-se mais restrito que o
trabalho prescrito, no que se refere a práticas autônomas. Assim, o enfermeiro, para vivenciar
a autonomia na concretude do seu cotidiano, precisa, para além de lidar com desafios do
cenário externo, rever posicionamentos do gênero que remetem à abdicação do trabalho
prescrito e à renúncia ao poder de agir em prol de uma atividade ampliada em termos de
práticas independentes e auto resolutivas.
Palavras-chave: autonomia profissional, enfermagem, trabalho, saúde. Ver menos
Nursing makes up a significant contingent of the health workforce in Brazil. A professional
group that has been taking up important space in public and private context of health in the
various fields of assistance. With the expansion of areas of activity and contributions of the
field, the area has... Ver mais Nursing makes up a significant contingent of the health workforce in Brazil. A professional
group that has been taking up important space in public and private context of health in the
various fields of assistance. With the expansion of areas of activity and contributions of the
field, the area has been discussing more and more issues related to its object of study,
obstacles to greater political integration and expansion of its social contribution and other
issues. An analysis of the literature of these themes showed the existence of a vast number of
studies that question the issue of professional autonomy, pointing it as a right and a
fundamental element for the consolidation of nursing. However, most researches address the
issue from the nurses' perception, who consider it a phenomenon of ongoing consolidation.
Based on the above, this thesis is anchored in studies of professional autonomy and the
theoretical apparatus of the clinic of activity in order to understand how nurses experience
professional autonomy, from case studies of their daily work. The data needed for its
concretization were obtained through a descriptive, exploratory and qualitative research,
constitute of two studies. The first study was conducted through semi-structured interviews
based on the Critical Decision Method, and the second study was conducted with the use of a
peer confrontation interview, based on the Clinic of Activity approach. The obtained data
were organized and subjected to thematic content analysis. Among the main findings, it was
found that the increasingly precarious working conditions is a factor that affects the activity
of the nurses, stiffens the professional gender, restricts style, diminishes the nurse?s power to
act and the possibility of using catachresis. It was found that the lack of knowledge
appropriation is an unfavorable aspect to the edification of the autonomy that still
accompanies nursing. Nurses seem to have a dichotomous movement that, on one hand,
marks the desire for autonomy, manifested by the discontentment when faced with practices
and situations that denote submission. On the other hand, reveals nurses inertia in the search
for changes, the accommodation when they are required to update their knowledge, and the
lack of involvement with a responsible posture that the autonomous condition entails. Thus, it
can be concluded that nurses do not make maximum use of prescriptions postulated by labor,
legal and class provisions, and that, notably, the real activity of these nurses is narrower than
the prescribed work, in relation to the autonomous practices. So in order to achieve
autonomy, in addition to dealing with external scenario challenges, the nurse needs to review
gender positioning that recall the abdication of the prescribed work and the renunciation of
the power to act, in favor of an expanded activity in terms of independent and self-correcting
practices.
Keywords: professional autonomy, nursing, work, health. Ver menos
group that has been taking up important space in public and private context of health in the
various fields of assistance. With the expansion of areas of activity and contributions of the
field, the area has... Ver mais Nursing makes up a significant contingent of the health workforce in Brazil. A professional
group that has been taking up important space in public and private context of health in the
various fields of assistance. With the expansion of areas of activity and contributions of the
field, the area has been discussing more and more issues related to its object of study,
obstacles to greater political integration and expansion of its social contribution and other
issues. An analysis of the literature of these themes showed the existence of a vast number of
studies that question the issue of professional autonomy, pointing it as a right and a
fundamental element for the consolidation of nursing. However, most researches address the
issue from the nurses' perception, who consider it a phenomenon of ongoing consolidation.
Based on the above, this thesis is anchored in studies of professional autonomy and the
theoretical apparatus of the clinic of activity in order to understand how nurses experience
professional autonomy, from case studies of their daily work. The data needed for its
concretization were obtained through a descriptive, exploratory and qualitative research,
constitute of two studies. The first study was conducted through semi-structured interviews
based on the Critical Decision Method, and the second study was conducted with the use of a
peer confrontation interview, based on the Clinic of Activity approach. The obtained data
were organized and subjected to thematic content analysis. Among the main findings, it was
found that the increasingly precarious working conditions is a factor that affects the activity
of the nurses, stiffens the professional gender, restricts style, diminishes the nurse?s power to
act and the possibility of using catachresis. It was found that the lack of knowledge
appropriation is an unfavorable aspect to the edification of the autonomy that still
accompanies nursing. Nurses seem to have a dichotomous movement that, on one hand,
marks the desire for autonomy, manifested by the discontentment when faced with practices
and situations that denote submission. On the other hand, reveals nurses inertia in the search
for changes, the accommodation when they are required to update their knowledge, and the
lack of involvement with a responsible posture that the autonomous condition entails. Thus, it
can be concluded that nurses do not make maximum use of prescriptions postulated by labor,
legal and class provisions, and that, notably, the real activity of these nurses is narrower than
the prescribed work, in relation to the autonomous practices. So in order to achieve
autonomy, in addition to dealing with external scenario challenges, the nurse needs to review
gender positioning that recall the abdication of the prescribed work and the renunciation of
the power to act, in favor of an expanded activity in terms of independent and self-correcting
practices.
Keywords: professional autonomy, nursing, work, health. Ver menos
Disponibilidade forma física: Existe obra impressa de código : 95806
Ferreira, Mara Aguiar
Autor
Maciel, Regina Heloisa Mattei de Oliveira
Orientador
Maciel, Regina Heloisa Mattei de Oliveira
Banca examinadora
Falcão, Jorge Tarcísio da Rocha
Banca examinadora
Aquino, Cássio Adriano Braz de
Banca examinadora
Santos, João Bosco Feitosa dos
Banca examinadora
Matos, Tereza Gláucia Rocha
Banca examinadora
Universidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Tese (doutorado)