A interseção entre maternidade e migração apresenta desafios específicos às mulheres-mães
em contextos de vulnerabilidade. Diante disso, esta tese teve como objetivo analisar as
experiências dessas mulheres por meio de uma pesquisa de cunho qualitativo ancorada no
Construcionismo Social e nas Práticas Dialógicas Generativas enquanto estratégia
metodológica. A escolha dessa abordagem fundamenta-se na compreensão de que as
experiências humanas são construídas de forma relacional e que os significados emergem no
diálogo. Realizada em parceria com uma ONG localizada no Paraná, o estudo incluiu três
participantes originárias da Venezuela e do Congo, cujas vivências foram acessadas por meio
de encontros dialógicos individuais. Essas interações foram conduzidas remotamente,
respeitando as especificidades das participantes, como disponibilidade e fluência em
português, e foram registradas para análise posterior. Ao adotar para esta tese o modelo
escandinavo, os resultados foram organizados em três artigos, cada um explorando dimensões
específicas das trajetórias das participantes. A análise das narrativas, alinhada aos
pressupostos do Construcionismo Social, buscou destacar os sentidos atribuídos pelas
participantes às suas experiências, enfatizando o papel do diálogo na construção de novas
possibilidades discursivas e identitárias. O primeiro artigo abordou as motivações e condições
precedentes à migração, além das perspectivas futuras dessas mulheres-mães. Os dados
revelaram que as participantes migraram em busca de melhores condições de vida,
impulsionadas por crises econômicas e sociais em seus países de origem, além de estigmas
sociais. Contudo, o processo migratório trouxe desafios significativos, como discriminação,
barreiras culturais e ausência de redes de apoio. Apesar disso, as mulheres demonstraram
resiliência, engajando-se em iniciativas comunitárias e projetando futuros mais promissores
para si e para suas famílias. O segundo artigo analisou a interseção entre maternidade e
migração, evidenciando que a maternidade, nesse contexto, transcende a esfera individual,
configurando-se como um processo relacional e culturalmente moldado, no qual as mulheres
precisam ressignificar seus papéis maternos diante de novos contextos culturais e sociais. Essa
transformação reflete a capacidade de adaptação das participantes além de destacar a
maternidade como um espaço de construção identitária. O terceiro artigo explorou as práticas
dialógicas generativas e suas contribuições para o fortalecimento das mulheres-mães
migrantes. Essas interações, pautadas na escuta ativa e na cocriação, criaram espaços de
acolhimento e transformação, permitindo a ressignificação de papéis e significados associados
à maternidade e à migração, além de ampliarem as estratégias de enfrentamento das
adversidades, fortalecendo o senso de pertencimento das participantes e promovendo o
empoderamento. De forma geral, os resultados da tese ressaltam a relevância de abordagens
dialógicas como ferramentas para inclusão social e fortalecimento das identidades de
mulheres-mães migrantes. Ademais, reforçam a necessidade de políticas públicas que
considerem as interseções entre gênero e migração, promovendo suporte efetivo e inclusivo
para essa população. Ao evidenciar a potência do diálogo para a ressignificação de
experiências, esta tese contribui significativamente para o debate acadêmico, destacando a
importância de estratégias que valorizem as singularidades das trajetórias femininas em
contextos migratórios e promovam transformações teóricas e práticas voltadas à inclusão e à
equidade social. Ver menos

The intersection between motherhood and migration presents specific challenges to
women-mothers in contexts of vulnerability. Given this, this thesis aimed to analyze the
experiences of these women through qualitative research anchored in Social Constructionism
and Generative Dialogic Practices as a methodological strategy. The choice of this approach is
based on the understanding that human experiences are constructed relationally and that
meanings emerge in dialog. Carried out in partnership with an NGO located in Paraná, the
study included three participants from Venezuela and Congo, whose experiences were
accessed through individual dialogic encounters. These interactions were conducted remotely,
respecting the specificities of the participants, such as availability and fluency in Portuguese,
and were recorded for later analysis. By adopting the Scandinavian model for this thesis, the
results were organized into three articles, each exploring specific dimensions of the
participants' trajectories. The analysis of the narratives, aligned with the assumptions of Social
Constructionism, sought to highlight the meanings attributed by the participants to their
experiences, emphasizing the role of dialogue in the construction of new discursive and
identity possibilities. The first article looked at the motivations and conditions preceding
migration, as well as the future prospects of these women-mothers. The data revealed that the
participants migrated in search of better living conditions, driven by economic and social
crises in their countries of origin, as well as social stigmas. However, the migration process
brought significant challenges, such as discrimination, cultural barriers and a lack of support
networks. Despite this, the women showed resilience, engaging in community initiatives and
projecting brighter futures for themselves and their families. The second article analyzed the
intersection between motherhood and migration, showing that motherhood in this context
transcends the individual sphere, becoming a relational and culturally shaped process in which
women have to reframe their maternal roles in the face of new cultural and social contexts.
This transformation reflects the participants' ability to adapt, as well as highlighting
motherhood as a space for identity construction. The third article explored generative dialogic
practices and their contributions to empowering migrant women-mothers. These interactions,
based on active listening and co-creation, created spaces of welcome and transformation,
allowing for the re-signification of roles and meanings associated with motherhood and
migration, as well as expanding coping strategies, strengthening the participants' sense of
belonging and promoting empowerment. Overall, the results of the thesis highlight the
relevance of dialogical approaches as tools for social inclusion and strengthening the
identities of migrant women-mothers. Furthermore, they reinforce the need for public policies
that consider the intersections between gender and migration, promoting effective and
inclusive support for this population. By highlighting the power of dialogue to re-signify
experiences, this thesis makes a significant contribution to the academic debate, highlighting
the importance of strategies that value the singularities of women's trajectories in migratory
contexts and promote theoretical and practical transformations aimed at inclusion and social
equity. Ver menos