Esta pesquisa ao inscrever-se no campo da História das Instituições Educacionais busca compreender o processo de construção dos Colégios Estaduais Luíza Mahin, Candeia e Padre Carlos Leôncio da Silva que se encontram no interior de suas respectivas unidades de internação do Departamento Geral de Ações Socioeducativas do Rio de Janeiro (DEGASE) - Educandário Santos Dumont (ESD); Escola João Luiz Alves (EJLA) e Instituto Padre Severino (IPS). O recorte temporal deste estudo inicia-se em 1994 com a criação desses estabelecimentos de ensino que nesse ano recebem dois grupos de professores admitidos de forma distinta no DEGASE – seis professores para lecionarem artes e educação física concursados pela Secretaria Estadual de Justiça (SJU) e dezesseis professores (PI e PII) cedidos pela Secretaria Estadual de Educação (SEE). Seu marco final deu-se em 2001 quando os Colégios Estaduais (C.E’s) recebem suas primeiras diretoras que passam a organizar as escolas segundo os princípios da SEE – horário e grade curricular, por exemplo. Nesse sentido, buscamos compreender as tensões que ocorreram entre professores e agentes educacionais/disciplina na inserção desse novo cotidiano frente à mentalidade prisional que existia desde os tempos do Império, impondo o máximo de trabalho braçal e o mínimo de escolarização para estes jovens encarcerados. Em relação ao quadro teórico, nos apoiamos nos mecanismos da memória/lembrança dos professores entrevistados (POLLAK, 1989 e 1992); utilizamos o conceito de configuração social (ELIAS, 1993) para entendermos tanto o DEGASE quanto suas escolas segundo uma rede de inter-relações (ELIAS, 1993) cotidianas que se objetivaram por meio da própria prática e experiência pedagógicas de seus professores; usamos os conceitos de identidade profissional (DUBAR, 1997, 2001, 2012) e projeto (VELHO, 2003) a fim de entender que tipo de professor constituiu as próprias escolas em seu processo de formação. Como fontes foram utilizados os relatos de uma diretora e seis professores que permaneceram nos C.E’s até a chegada das diretoras, pesquisa documental realizada nos “Livros de Ocorrência” das unidades de internação (IPS e EJLA), além de jornais e imagens da grande imprensa a fim nos fornecer pistas acerca do processo de formalização das escolas do DEGASE.